Anna Sharp
QUEM NÃO TRAI? As Muitas Faces da Infidelidade Edit. Rocco
Introdução
MEDO VERSUS AMOR
Há muitos anos pessoas vêm até mim em busca de aconselhamento, de apoio, ou, muitas vezes, à procura de uma ouvinte compreensiva com quem compartilhar suas histórias, seus medos e desabafos.
Apresento aqui algumas histórias verídicas que talvez possam ajudar outros em situações similares. Apesar de apresentar uma narrativa romanceada, procurei ser o mais fiel possível aos relatos dos casais que atendi em aconselhamento, evidentemente modificando nomes e situações para preservar a identidade dos envolvidos, podendo constatar as diferentes visões e necessidades que existem entre os homens e as mulheres.
Percebo que muito mais do que ajudar, eu aprendo. E talvez o aprendizado mais importante tenha sido o de não julgar.
Como definir o que é certo e o que é errado?
Me perco dentro dessa linha divisória tão nítida e presente em minha juventude, e cada vez mais sutil e invisível à medida que descubro a imensa gama de cores que existem entre o branco e o negro de nossa rigidez, fruto de nossa percepção distorcida.
Afinal, não existe efeito sem causa!
- Quem traiu quem?
A traição é uma palavra que nos induz à uma condenação imediata.
Por outro lado, a forma como a interpretamos é tão frágil que não resiste a um exame mais atento e cuidadoso de suas nuanças, quando fica claro o quanto o medo – tão humano – comanda nossas ações, superando nossos verdadeiros desejos, que se perdem em sua sombra.
Dizem que quem ama teme.
O medo é o oposto do amor. Como é possível esses opostos coexistirem? Apenas a negação de um faz com que seja possível ver o outro. Jamais podem ser vistos juntos.
É interessante observar o quanto o medo influencia e comanda as nossas escolhas e quão pouco ouvimos o amor...
Muito se fala sobre o medo, mas as pessoas sentem vergonha dos próprios medos. É a emoção que mais traduz a fragilidade de ser humano, medo de sentir-se pequeno, medo de não corresponder às expectativas do outro ou às próprias.
Ah! Tantos medos! Medo de ser rejeitado, abandonado, ferido, ridicularizado, desmascarado...
Medo de ser descoberto e punido por ser...
Medo de ser descoberto e punido por não ser...
O medo julga, separa e condena.
O amor não trai. Apenas o medo comete a grande traição, que ocorre sempre contra nós mesmos, contra quem verdadeiramente somos.
Ninguém trai ninguém. Traímos a nós mesmos!
E o amor? O amor é constante, seguro, feliz em se dar. É a verdadeira força que não muda e não vacila. Apenas é.
O feminino em todos nós materializa as nossas emoções e reflexões mais profundas em sons, gestos e ações.
Entre o medo e o amor – que pena! –, quase sempre somos fiéis ao medo, e traímos o amor.
Esse é o nosso pecado.
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