A Prova da Verdade
"Pode haver alguma prova da Verdade?
Maharaj, por vezes, coloca essa questão como que para ele mesmo. Pode a Verdade ser compreendida intelectualmente?
Além de um intelecto afiado, diz Maharaj, o aspirante deve ter fé para capacitá-lo a compreender os fundamentos básicos da Verdade. E a fé deve ser do tipo que pode aceitar a palavra do Guru como a própria Verdade de Deus.
A fé é o primeiro passo e nenhum progresso adicional é possível a menos que o primeiro passo seja dado.
Há pessoas simplórias, que, embora não sejam dotadas de um intelecto afiado, têm fé abundante. Maharaj dá-lhes um Mantra e pede-lhes para cantá-lo e meditar até que sua psique seja purificada o suficiente para receber o conhecimento.
Com os intelectuais Maharaj tem que lidar de forma diferente. O intelectual compreende o que as várias religiões propagam, os códigos éticos e morais que prescrevem, também os conceitos metafísicos que expõem; mas ele continua não iluminado.
O que ele procura realmente é a Verdade, o fator constante que não está sujeito a qualquer alteração. E, além disso, ele quer provas, mas não é capaz de dizer que tipo de prova poderia satisfazê-lo.
A prova como tal seria algo sujeito ao espaço e ao tempo, e o intelectual é inteligente o suficiente para saber disso.
A Verdade, para ser Verdade, deve estar além do tempo e do espaço. Maharaj diz que qualquer pessoa inteligente deve admitir que o "Eu sou", o sentido de presença consciente, de 'ser', é a única verdade que cada ser senciente conhece e essa é a única 'prova’ que ela pode ter. E ainda, a mera existência não pode ser equiparada com a Verdade pela simples razão de que a própria existência não está além do tempo e do espaço, como está a Realidade.
Maharaj lança em seus discursos luz abundante sobre este impasse. Um cego pode dizer: “prove para mim que existem cores, só então acreditarei em todas suas adoráveis descrições do arco-íris”. Sempre que tais questões são colocadas para Maharaj, ele responde dizendo: “prove para mim que existe algo como Mumbai, Londres ou Nova York!”
Em toda parte, diz ele, é a mesma terra, ar, água, fogo e céu.
Em outras palavras, não é possível buscar a Verdade como um objeto, nem pode a Verdade ser descrita. Ela só pode ser sugerida ou indicada, mas não expressa em palavras, porque a Verdade não pode ser concebida.
Qualquer coisa concebida será um objeto e a Verdade não é um objeto. Como Maharaj coloca: você não pode 'ir às compras' atrás da verdade, como algo que está certificado com autoridade e marcado como 'Verdade'. Qualquer tentativa de encontrar a prova da Verdade envolveria uma divisão da mente em sujeito e objeto, e, assim, a resposta não poderia ser a Verdade, pois não há nada objetivo sobre a Verdade, que basicamente é pura subjetividade (no sentido de ter relação com o sujeito).
Todo o processo, diz Maharaj, é como um cão perseguindo sua própria cauda. Na busca de uma solução para este enigma devemos analisar o problema em si. Quem é que quer a prova da Verdade ou Realidade? Podemos entender claramente o que somos? Toda a existência é objetiva. Todos nós 'existimos' como objetos apenas, como meras aparições na consciência que conhece-nos. Existe realmente uma prova de que 'nós mesmos' (que procuramos a prova da Realidade) existimos, diferentemente de objetos de cognição na mente de outra pessoa?
Quando procuramos a prova da Verdade, o que estamos tentando fazer é equivalente a uma sombra que procura a prova da substância! Maharaj, portanto, exorta-nos a ver o falso como falso, e, em seguida, não haverá mais a busca pela Verdade. Você entende o que quero dizer? Ele pergunta.
Você não sente intuitivamente qual é a ponto? O que é buscado é o próprio buscador! Pode um olho ver a si próprio?
Por favor, entenda, ele diz: sem tempo, sem espaço, não cognoscíveis sensorialmente é o que somos; temporais, finitos e sensorialmente cognoscíveis, é o que parecemos ser como objetos separados. Considere o que você era antes de ter adquirido a forma física.
Você precisava de qualquer prova sobre qualquer coisa àquela altura? A questão de ter provas surge apenas na existência relativa e qualquer prova fornecida dentro dos parâmetros da existência relativa só pode ser uma inverdade!"
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