Recolher os sentidos – eis o que tendes a fazer
O que podeis fazer por vossas mãos é recolher os sentidos e reunir toda a atenção num único ponto, e então elevá-lo numa entrega completa, ofertando-o ao Criador. Para isso é necessário terdes como maior tesouro e mais valioso bem o Caminho para a Vida Divina, pois, se assim não for, ainda que almejeis a quietude dos sentidos, eles não vos obedecerão quando os chamardes ao recolhimento. Não é na vida divina que normalmente os sentidos têm interesse e, enquanto não completarem certa etapa do Caminho até que finalmente descubram que ela é o único e verdadeiro destino, não conhecerão o silêncio.
Esse silêncio é necessário. É necessário um mar calmo para que possais estudar com serenidade o traçado das terras que de vós se acercam. E tal estudo não o fazeis em escolas. O traçado dessas terras se vos revelará quando vossa barca finalmente deixar-se levar até elas, que há muito vos aguardam.
Com isso percebereis que, mesmo que vos seja dito que o destino de todos vós é chegar aos mundos internos, só podereis caçá-los quando em vossos trajes forem completados certos trabalhos, quando eles já tiverem determinadas vibrações transformadas e transmutadas. É à medida que certos estados vão sendo transcendidos que o indivíduo se desenlaça de aspectos materiais aos quais se mantinha ligado por afinidade e por correspondência vibratória.
Vede pois que muito trabalho tereis se vossa essência já vive em união com planos superiores, cósmicos, e com núcleos de pura irradiação espiritual e divina, enquanto estais a serviço cumprindo certas etapas materiais em corpos que não correspondem a esse vosso estado interior.
Sabeis por que vos foi dado viver tal situação? Se em vosso Ser emergir o menor questionamento e não aceitação por tudo o que recebestes, podereis saber que seguramente essa situação ainda vos cabe para que cresçais em gratidão, obediência e entrega. Se não houverdes conseguido impregnar vossos veículos materiais com essas qualidades, como ireis querer estar libertos dos planos terrestres? Repetimos: chegastes a conhecer o silêncio? Não o silêncio de um mutismo externo, mas o silêncio que é fruto da entrega, o silêncio que é o único rei numa terra que se ofertou à Suprema Realeza.
Extraído do livro “Das Lutas à Paz”, de Trigueirinho – Págs. 31 a 32 – Editora Pensamento.
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