Conversa com DANUZA LEÃO
E quando o amor parece que acabou? Não o dele, mas o seu? Bem, primeiro é preciso ter certeza, o que nessas coisas de amor é bem difícil. Quantas vezes você, mesmo amando apaixonadamente um homem, não acha ele chato e torce para que surja uma viagem de trabalho bem longa para se livrar dele pelo menos por uns tempos? E quantas vezes ele chega perto de você na cama, cheio de amor para dar, e você não quer; por nada, mas não quer? Isso é o fim do amor? Não, claro que não.
A culpa pode ser mesmo dele, que está, de vez em quando, particularmente desinteressante (tanto como nós, de vez em quando), querendo você exatamente na hora em que você quer tudo, menos ele. E a culpa pode também ser sua, que passou a tarde vendo CASABLANCA, se apaixonou pela história de amor e sobretudo pelo galã do filme. Quem não queria ser Ingrid Bergman e viver aquele romance com Humphrey Bogart? Só que você não é ela e seu par não é ele, e esses rompantes românticos acontecem, sobretudo num coração mais imaturo, mas é preciso – e não é fácil – separá-los da realidade. A realidade é a única coisa que realmente existe.
Pense; lembre do tempo em que esperar que ele chegasse quase doía, de angústia e medo. E se ele não chegasse? Se nunca mais aparecesse? Se tivesse sido atropelado, perdesse a memória e se esquecesse de que você existia? Esse tempo era bom, não era? E você acha que um amor tão grande acaba assim só porque você leu um livro ou viu um filme de amor?
Algumas mulheres, as mais sábias, sabem que esses momentos fazem parte da vida. Outras, ao primeiro sinal de monotonia, mesmo que nada tenha acontecido, pensam em jogar tudo para o alto e sair à procura da grande aventura sem imaginar que as grandes aventuras costumam durar pouco e geralmente terminam com um final infeliz. Geralmente para nós, mulheres.
Longe de mim querer dar conselhos caretas, mas nessas horas é preciso um pouco de calma. Quem sabe passar uns dias na casa de praia de uma amiga e sentir como seria a vida sem ele? Pode ser que depois dos primeiros (e maravilhosos) dias de liberdade total você chegue à conclusão de que é isso mesmo que quer e resolva ser uma mulher independente, podendo fazer o que quiser da vida, sem um homem que chega todos os dias em casa à mesma hora. Mas pode ser também que valorize o que tem, pense nas coisas boas de sua vida – alguma coisa de bom ela deve ter – e sinta falta daquele homem que te ama e que às vezes não é o galã que você queria, até porque ninguém é galã 24 horas por dia. Ser casada com George Clooney também deve ter seus momentos de monotonia.
Faça também um bom exame de consciência e veja se você está com essa bola toda. Se os homens vão se atirar a seus pés, tal a sua beleza, charme e inteligência... Talvez eles até se atirem, mas por quanto tempo? Uma semana, três dias, uma noite?
E seja qual for a sua decisão, não se esqueça do famoso alerta: o corpo humano tem o sexo; acima do sexo, o coração; e acima do coração, a cabeça. Raramente a gente pode satisfazer os três, às vezes precisa escolher, e essa escolha é mesmo muito difícil.
Mas por tudo que já vi e vivi, o sexo – se for só ele – nunca é a melhor escolha.
Danuza Leão é cronista de vários livros, entre os quais na Sala com Sanuza 2 (ARX) e Quase Tudo (Cia. das Letras)
Extraído da Revista Claudia - Julho de 2008
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